quarta-feira, 7 de março de 2007

83 - Glossário


O jogo de Go teve origem na China. E encontrou no Japão as condições ideais para seu desenvolvimento e aperfeiçoamento técnico. A Coréia desponta na atualidade como uma nova potência goística.

O jogo foi divulgado e praticado pelos imigrantes japoneses, chineses e coreanos. Originários de países onde o jogo de Go é muito popular. A forma de divulgação da Arte de Go vinculou o jogo à utilização de termos em japonês, chinês ou coreano. Natural e muito importante para a manutenção das tradições. Os imigrantes precisam manter contato com as suas raízes.

Sem dúvida alguma, a tradição já consagrou alguns termos japoneses. E outros termos são utilizados, principalmente por jogadores mais experientes, por não haver correspondente em Português.

Pode parecer uma boa idéia usar apenas termos orientais para ensinar e divulgar o jogo. Contudo, diferenças idiomáticas e culturais criam obstáculos intransponíveis para uma rápida assimilação dos termos. Que alternativas existem para a superação desses obstáculos?

Tenho a convicção que a melhor estratégia para o ensino e a divulgação do jogo é a utilização da língua pátria dos países que acolheram os imigrantes. Urgente é a criação de bibliografia básica sobre o jogo. Bem como a tradução de alguns textos clássicos. E a união dos praticantes em torno de entidades regionais e de uma entidade nacional. Tendo raízes fortes e produtivas nas diversas regiões do país, uma entidade nacional – virtual ou presencial – ganhará o status da representatividade. Política e técnica.

Portanto, criar um glossário de Go (em Português) é uma necessidade e o primeiro grande desafio. Um dos maiores desafios a serem vencidos pelos jogadores de Go de língua portuguesa. Tarefa hercúlea e ingrata. O grande obstáculo a ser vencido é a definição precisa dos termos. Uma tradução literal do Japonês (Chinês ou Coreano) para o Português não é uma solução satisfatória ou muitas vezes possível. Cada idioma possui sua peculiaridade. E os diversos elementos conceituais de Go possuem sua própria especificidade.

Não existem glossários em Português? Infelizmente, não. Os glossários publicados na Internet, em Português, em geral, são compilações de termos com a respectiva tradução. O glossário a qual me refiro é mais do que isso. Denomino de Glossário Português de Go a uma apresentação sistematizada, metódica e ilustrada de termos e conceitos básicos do jogo de Go, de forma detalhada e em Português.

Não entenda o leitor amigo que defendo a simples substituição dos termos orientais. Não! Alguns termos são insubstituíveis por nomearem sutilezas e particularidades. Defendo a criação de um glossário em Português, que permita ao jogador iniciante de língua portuguesa um rápido e seguro aprendizado. E, também, o desenvolvimento de bibliografia básica, em formato de cartilha ou de pequenas monografias.

Muitos iniciantes ficam confusos e assustados com a utilização dos termos orientais. E, como certeza não são poucos, devido ao bloqueio criado pelas diferenças idiomáticas e culturais, desconhecem até termos e conceitos básicos. Um glossário em Português iria sanar o problema.

Num estágio mais avançado, os termos orientais são imprescindíveis para a leitura da bibliografia internacional, e melhor entendimento sobre alguns elementos estratégicos e táticos. Mas tendo o goísta uma base de conhecimento sólida, o aprendizado dos termos será facilitado. Pois grande parte das dificuldades já foram superadas.

Sem dúvida alguma, o exotismo da cultura oriental atrai muitas pessoas para o mundo do Go. E os termos orientais possuem o apelo do exotismo. Afinal... quem não quer diferente? Na minha opinião, entre trabalhar o aspecto exótico e a clareza dos conceitos para divulgar e ensinar. É preferível a simplicidade e objetividade do ensinamento em Português.

Conheço as minhas limitações técnicas e de conhecimento. Não pretendo pontificar sobre a Arte de Go. Apenas apresento ao leitor amigo as inquietações de jogador iniciante, de origem nordestina (portanto com pouco contato com a colônia oriental), que aprendeu os rudimentos do jogo numa idade avançada e com alguma experiência profissional no processo ensino-aprendizagem.