quarta-feira, 21 de março de 2007

108 – Citação/7: Gai-Jin

O homem se afastou apressado. O capitão sentia-se mais satisfeito do que o habitual. A inspeção da estalagem e do terreno, dentro das altas cercas de bambu do perímetro externo, e daquele setor em particular, cercado por sebes, com um único portão, deixara-o convencido de que o conjunto de bangalôs do xógum seria fácil de defender. A estalagem fora vedada a quaisquer outros viajantes naquela noite, as sentinelas conheciam a senha e todos se mantinham em alerta máximo. Ninguém podia se aproximar a menos de cinco metros do xógum e sua esposa sem permissão e ninguém, jamais, com qualquer arma... exceto o guardião, os anciãos do conselho e ele próprio, com os guardas que o acompanhassem. A lei era bastante conhecida, a punição para uma aproximação armada era a morte, tanto para o homem armado quanto para os guardas desatentos... a menos que fossem perdoados pelo xógum pessoalmente.

- Ah, camareiro! Houve alguma mudança de planos?

- Não, capitão. – O velho suspirou, coçou a testa, a papada tremendo. – Os augustos estão se lavando, como sempre; depois descansarão, como sempre; depois irão para o banho real e receberão uma massagem ao pôr-do-sol, como sempre; depois jantarão, como sempre; jogarão Go, como sempre, e irão se deitar. Tudo em ordem?

- Por aqui sim.

Fonte: Gai-Jin, Vol. I, p.601 – James Clavell, Ed. Record. (Romance norte-americano ambientado na história do Japão).