Imagem: Telescópio Hobble/Nasa
Universo
“A natureza e o universo não constituem simplesmente o conjunto de objetos existentes, como pensava a ciência moderna. Constituem, sim, uma teia de relações, em constante interação, como os vê a ciência contemporânea. Os seres que interagem deixam de ser apenas objetos. Eles se fazem sujeitos, sempre relacionados e interconectados, formando um complexo sistema de inter-retro-relações. O universo é, pois, o conjunto das relações dos sujeitos.”
(Leonardo Boff, A águia e a galinha)
O universo contém matéria e energia em diversas formas e densidade. Visível ou invisível. Aglomerado de nebulosas, galáxias, Buracos Negros, Quasares, estrelas, planetas e outros objetos siderais. Diversas conjecturas humanas tentam explicar a origem do Universo. O Big Bang é teoria dominante, enunciada em 1948 pelo cientista russo naturalizado norte-americano George Gamow (Guiorgui Gamov).
O universo possui seus análogos no jogo de Go. O tabuleiro, uma estrutura espacial onde matéria e energia interagem durante a evolução da partida. Verdadeiro tijolo construtor, a pedra (goishi) é o elemento de composição do universo goístico. Movimento, potencial de realização, estruturas conceituais, formas, influência, ação (vontade criadora - iniciativa) são algumas das diversas formas de energia e matéria que possuem equivalentes no Go.
O tabuleiro delimita um conjunto de territórios a serem conquistados onde surgem (vivem) e desaparecem (morrem) os diversos aglomerados goísticos. Grupos e cadeias de pedras – como verdadeiras nebulosas, galáxias, Buracos Negros, Quasares, estrelas, planetas e outros objetos siderais - em processo contínuo de construção e reconstrução.
As pedras são elementos de força e poder. Elas criam influência, possibilidades combinatórias, estruturas e formas que permitem a construção de territórios e garantem, quando corretamente posicionadas, a sobrevivência dos grupos – o fenômeno goístico da vida e da morte.
A malha formada pelo cruzamento das linhas forma uma estrutura de conexões e interações. Dutos energéticos. Fluem das linhas, a energia e a força que emanam das pedras. É o suporte sobre o qual a realidade goísta se manifesta e existe.
Imagem: Nasa
Sol
“A Humanidade não ficará na Terra para sempre, mas na sua busca de luz e espaço irá primeiro timidamente penetrar para lá dos confins da atmosfera, e mais tarde conquistar para si própria todo o espaço perto do Sol.”
(Konstantin E. Tsiolkovsky)
O Sol está ativo há aproximadamente 4,6 bilhões de anos. Estimam os cientista que continuará sua evolução sideral por mais cinco bilhões de anos, quando se transformará numa anã branca.
A massa do Sol corresponde a 98% da massa total do sistema solar. Um gigante entre gigantes (Júpiter, Saturno, Urano). É o maior objeto espacial do sistema. Calcula-se que seriam necessárias cento e nove Terras para preencher o disco solar e, no seu interior, caberiam 1,3 milhões de Terras.
Doador de luz, energia e calor. A vida no planeta Terra existe em função da energia solar. A fotosfera é a camada visível do astro-rei e possui uma temperatura de 6,000°C (11,000°F). Em sua superfície ocorrem fortes e turbulentas erupções de energia.
O símbolo do Sol descreve uma condição como um centro – um ponto – em torno do qual tudo se organiza e interage. É um núcleo, mas também uma aglutinação energética – relação metafórica entre a matéria e a energia.
O corpo humano é um microuniverso. O Sol é a representação simbólica do coração, centro do sistema bioenergético humano. A semelhança analógica entre os dois sistemas é reconhecida pela tradição hermética, que a nomeia por macrocosmo (sistema solar) e microcosmo (corpo humano).
O ponto é o ente fundamental do universo goístico. O tengen (ponto 10, 10 no tabuleiro 19 x19) é o Sol goístico, ponto central do tabuleiro. Assim como no universo, o tabuleiro possui outros 360 pontos que representam de forma simbólica o espaço dos bilhões e bilhões de sistemas que povoam o enigmático e surpreendente universo e seus sóis metafóricos.
“El número de los diez mil seres se origina del uno. Por consiguiente, las trescientos y sesenta intersecciones del tablero del weiqi también tienen su uno. Uno es el principio generador de números y considerado como un polo, que produce los cuatro puntos cardinales.” – o texto faz referência aos ensinamentos de Lao Tsé, descritas no Tao Te King, relacionados com a origem do universo.
(Zang Jing, Qijing Shisanpian)
Bibliografia:
Boff, Leonardo. A águia e a galinha – uma metáfora da condição humana. - 32 ª ed. – Petrópolis: Editora Vozes, 1999.
Golgher, Isaías. O universo físico e humano de Albert Einsten. – Belo Horizonte: Oficina de Livros, 1991.
Goswami, Amit. O Universo Autoconsciente – como a consciência cria o mundo material; tradução de Ruy Jungmann. – 6ª Ed. – Rio de Janeiro: Editora Rosa dos Tempos, 2003.
Jing, Zang. Qijing Shisanpian (El Clásico de Weiqi en Trece Capítulos), PDF eBook.