quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

35 - Tapa


“Quem mora naquela casa? Que memórias pode ter esta casa escondida na floresta, que felicidades, que alegrias e que fracassosele viu? Um mundo cheio de vida, lutos, prazeres, lucros, perdas, interesses e alegrias acontecendo dia após, enquanto o sol surge atrás dos mesmos pinheiros a leste, e desaparece atrás dos mesmos pinheiros a oeste. Um mundo de coisas importantes acontecendo a pessoas reais. (...)”
Richard Bach, Biplano.

6:00 h

Dia escuro. Horário de verão. Pego o Metrô de Brasília até a estação 114 Sul. Caminho em direção ao trabalho. Solidão, silêncio, andar cadenciado. Conto as quadras... observo meus pensamentos.

Casal de namorados. Moderno, jovem e apaixonado. Namoram na escuridão do dia que se inicia. Roupas da moda. Combinação de cores, maneiras, desejos... olhares...

Inesperadamente um movimento, um som, um gesto, uma pergunta.

- “Fogo?” Ela pergunta.
- Não

Ele procura algo. Examina os bolsos e a mochila.

- “Achei!”

Sem acanhamento acende... A brasa brilha intensamente.

- “O tio quer um tapa?”

Eu fico confuso. Agressão? Deseja brigar?

Ela sorri. E fala ao jovem.

- “O tio é careta!”

Entendo agora as perguntas, o rápido diálogo. Se é que podemos chamar isso de diálogo... civilizado. Movimento meu corpo. Começo a caminhar. Andar ligeiro e sem ritmo? Não sei... pensamentos confusos... Agora, eu caminho solitário e triste...

7:00 h

Chego ao trabalho. Medito sobre o ocorrido. Abro minha conta de e–mail na esperança de equilibrar minhas emoções. Leio um texto, respondo outro... a proteção anti-spam deixou passar uma postagem maliciosa... E o trabalho ocupa a minha mente...

20:00 h

Visito o KGS. Converso com outros goístas. Assisto uma interessante partida entre 6d-5d. Agora... um pensamento louco... E se um dos jogadores tivesse “puxado um tapa”? Hum... além da fumaça... o que seria produzido com a mente embotada? Como perceber as estratégias e táticas do adversário com a mente turva, o olhar embaçado, o raciocínio desconexo e a mente confusa pelas drogas? Com “tapa”... algo seria produzido... mas com certeza não seria Go!

O Go é sutil, marcial, complexo, intenso. Exige mente alerta. Corpo resistente à fadiga física e mental. Plenitude de expressão. Raciocínio rápido. Sensibilidade estética. Harmonia interior. Vontade firme e serena.

Jovem... goísta ou não... DIGA NÃO AS DROGAS!